Após 20 anos de filas nos postos de combustível do Paraguai, o dólar
alto ajudou a inverter o fluxo de consumidores na fronteira e, agora, os
“hermanos” é que dão lucro aos brasileiros. Em alguns estabelecimentos,
o movimento aumentou 300% e o clima de ascensão também é realidade em
supermercados e lojas de roupas, que registram acréscimo de até 25% nas
vendas.
“Todo mundo está comprando no Brasil”, comemorou o presidente da
Associação Comercial de Ponta Porã, Eduardo Gaúna. “Em alguns postos, o
movimento aumentou em torno de 300%”, detalhou. O resultado, segundo
ele, é mais investimento na cidade. “Nos últimos 60 dias, abriram dois
novos postos (de combustíveis) e, em 30 dias, outro será inaugurado”
destacou.
Gaúna explicou que a inversão de fluxo é reflexo direito
do aumento do dólar que, em um ano, passou a valer R$ 0,42 a mais, de
R$ 1,96 para R$ 2,28. “Além disso, o preço do combustível subiu no
Paraguai”, acrescentou.
Gerente há dois anos do Auto Posto
Central, Celeida Lopes Antunes comemora o bom momento do comércio
brasileiro. “Há 20 anos, só eles estavam ganhando, agora, é a nossa
vez”, disse. Segundo ela, o preço da gasolina é quase o mesmo, já o
diesel está mais caro no país vizinho.
“Ainda tem alguns turistas
que, por falta de informação, compram no Paraguai, mas a maioria já está
sabendo que não compensa. Além deles, ganhamos muitos clientes
paraguaios”, ressaltou Celeida. A inversão de fluxo, conforme ela,
dobrou o movimento e a empresa precisou ampliar de cinco para nove o
número de frentistas.
Já em Coronel Sapucaia, também divisa com o Paraguai, o único posto
de combustível do município não observou tantas modificações. “Somos a
única opção da cidade, então, imagino que por isso as coisas não
mudaram”, comentou a gerente do estabelecimento, Rosa Rodrigues de Lira.
Comércio em geral
– Também por conta do aumento do dólar, em Ponta Porã, o comércio local
vem acumulando resultados positivos. “Em janeiro deste ano, o movimento
foi 25% maior se comparado ao mesmo período de 2013”, revelou Eduardo
Gaúna. “Hoje, só está mais barato no Paraguai produtos eletrônicos,
perfumes e bebida”, completou.
Nos supermercados, segundo ele, 45%
dos clientes são paraguaios. “O bom momento é tamanho que dois
hipermercados abriram na cidade”, destacou. “Um deles, inclusive, abriu
na avenida de fronteira”, emendou para reforçar a inversão de fluxo dos
consumidores.
No Supermercado Bom Gosto, conforme o gerente
Gilberto da Silva Bambil, o movimento aumentou 15%. “Temos muitos
clientes do Paraguai e estamos investindo em atendimento para segurar os
novos consumidores”, comentou.
Em Paranhos, outra cidade
fronteiriça, o comércio local também está ganhando mais clientes. “Não
compensa mais ir para o Paraguai”, afirmou a gerente do supermercado
Moreira, Fabiola Marques Moraga. Ela também vem observando incremento
nas vendas e comemora o bom momento.
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