Deputado João Campos quer acabar com a prática usada recentemente por alguns condenados no processo do mensalão.
Líder do PT contesta a proposta e diz que a doação é uma escolha individual dos brasileiros.
As recentes campanhas de arrecadação de recursos para pagamento de
multas impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a condenados no
processo do mensalão (AP 470) entraram em debate na Câmara dos
Deputados.
O deputado João Campos (PSDB-GO) defende mudança no Código Penal
(Decreto-Lei 2.848/40) para proibir que condenados em ações penais
possam usar, na quitação de multa aplicada pela Justiça, dinheiro
recebido de pessoas físicas, empresas, sindicatos, associações, partidos
políticos ou fundações, públicas ou privadas.
A medida está prevista no Projeto de Lei 7123/14, do próprio Campos. O
parlamentar entende que, pela Constituição, a pena somente pode ser
cumprida pelo condenado, independentemente de ela ser de prisão, multa
ou prestação de serviços à comunidade. “A sanção tem caráter
personalíssimo.
A prática adotada pelos mensaleiros do PT de fazer uma vaquinha,
através da internet, é uma afronta ao Judiciário e aos princípios
constitucionais", diz.
Constitucionalidade
O jurista Pedro Paulo Castelo Branco, professor da Universidade de
Brasília (UnB), concorda que a doação de verbas para pagamento de multa
imposta em condenação penal desvirtua a medida. Ele considera, no
entanto, que, constitucionalmente, não há espaço para a proibição da
prática.
"É impossível você vedar que uma pessoa destine determinado valor,
faça uma doação a um partido político ou a um parente ou a condenado
porque o dinheiro tem um caráter subjetivo”, afirma.
“A Constituição não proíbe as doações, salvo nos casos específicos previstos na legislação eleitoral", completa.
Transparência
Para o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP), as campanhas
de arrecadação de recursos para pagamento das multas impostas a alguns
representantes do partido foram transparentes e não teria sentido a
votação de um texto que vede doações semelhantes no futuro.
"Não tem cabimento nenhum uma proposta para proibir que o povo ajude,
que seja solidário. Vivemos em uma sociedade democrática; a doação é
uma atitude individual de qualquer cidadão", argumenta Vicentinho.
Os condenados no processo do mensalão José Dirceu, João Paulo Cunha,
Delúbio Soares e José Genoino, todos do PT, anunciaram que pagariam as
multas a partir de doações.
Mais recentemente, o também condenado no processo Roberto Jefferson,
do PTB, anunciou que adotaria caminho semelhante para pagar a multa
imposta pelo STF.
Tramitação
O projeto que proíbe a arrecadação de dinheiro para pagamento de
multa imposta em condenação penal pode ser analisado diretamente pelo
Plenário, porque passou a tramitar junto com outra proposta que, desde
2002, aguarda votação (PL 3473/00).
(Agência Câmara Notícias)
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