segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Dourados paralisa obras de creche após depredação

Com prejuízo de 15 mil, empresa que fazia obras decide suspender o serviço o que impede novas vagas. Município tem 2 mil crianças na fila de espera


Em barraco em frente a CEim, placa de creche vira parede.

 

Construtor e representante da Prefeitura mostram teto com forro arrancado
A empresa responsável pela construção do Centro de Educação Infantil (Ceim) localizado em área ocupada por 460 famílias sem teto no Jardim Clímax, decidiu paralisar as obras, após a creche passar por ataques de vandalismo. Os trabalhos estão parados desde o final do ano passado, segundo a construtora.
Segundo ele, no dia 17 de janeiro foi registrado Boletim de Ocorrência na Delegacia. Isto porque foram retirados da obra todo o forro em PVC, além de mais de 30% da fiação elétrica. A pintura interna também foi comprometida, além de portas arrancadas. O prejuízo é de R$ 15 mil; recursos necessários para que a empresa possa fazer todos os reparos nos danos. A empresas pretende cobrar os valores da Prefeitura.
Ao todo, a creche custa aos cofres públicos pouco mais de R$ 500 mil e com estrutura de 524 metros quadrados teria capacidade para cerca de 200 crianças. A obra seria entregue no início deste ano, mas com a paralisação não há previsão nem que quando serão retomadas.
O Douradosagora também apurou que a empresa também enfrenta dificuldades para manter o ritmo de trabalho. “Os trabalhadores ficam apreensivos e reclamam que o local se tornou perigoso”, explica membro da construtora. O Douradosagora esteve nas obras do Ceim no último dia 19, quando um homem foi assassinado no local. As lideranças informaram que nem a vítima, nem o autor faziam parte do grupo de moradores.
Em relação ao Ceim, o presidente da comissão do Acampamento de Sem Teto Guassu, que se identificou como Maurício Neguinho, disse que os atos de vandalismo ocorreram antes dos moradores ocuparem o local. Ele diz que por entender a importância do Ceim, fez, juntamente com os moradores, um compromisso com a Guarda Municipal de manter em ordem as obras da creche. “Nós informamos a cada morador que se invadisse o Ceim ou causasse vandalismo seria expulso da comunidade”, explicou.
Segundo ele, os moradores estão no local a cerca de 30 dias. O grupo começou com 36 pessoas e hoje conta com 460 famílias; mais de 700 crianças. São parentes do grupo original, além de pessoas que não conseguiram manter os pagamentos de aluguel em Dourados.
Os moradores receberam hoje oficiais de Justiça, que identificaram cada família e fizeram cadastro. A partir de agora, segundo os moradores, ninguém fora do cadastro pode entrar no acampamento para concorrer a uma casa. Os moradores tem 15 dias para deixar o local, mas segundo eles, estão negociando com a Prefeitura uma outra solução. Eles querem ser destinados para outros conjuntos habitacionais em que as casas já estejam prontas para desocupar a área.

Déficit

Conforme divulgou O PROGRESSO no início deste mês, a cidade de Dourados tem 2.3 mil crianças fora da educação infantil (de 7 meses a 5 anos) na rede pública. Na busca por vagas os pais estão procurando a Justiça, através da Defensoria Pública.
De acordo com a defensora Maria Inêz Dias dos Santos, que atua de forma substituta na área de Cidadania, a procura é intensa. Para se ter uma ideia somente este ano foram atendidos mais de 40 pais que não encontraram vagas nos Centros de Educação Infantil (Ceims). Outras dezenas de audiências já estão agendados até maio deste ano. Em 2013 a Defensoria ingressou com 76 ações na Justiça por falta de vagas.

EDUCAÇÃO

Por outro lado, a secretária de Educação de Dourados Marinísia Mizoguchi, anunciou recentemente a construção de mais 9 Centros de Educação Infantil (Ceim) em Dourados, criando assim mais 3.2 mil novas vagas.
A expectativa é de que em um ano estes novos centros sejam ativados. Dois deles, um no jardim Guaicurus e outro no jardim Flórida devem ser ativados ainda este ano. Marinísia afirma que a demanda realmente existe, mas que se trata de um problema nacional, enfrentado por todos os municípios. Segundo ela, um dos fatores é a falta de investimentos federais.
“Cada criança matriculada no Ceim custa por mês o valor de R$ 600 para o município. No entanto o Fundo Nacional de Desenvolvimento Econômico repassa apenas R$ 250 por criança. O restante das despesas são todas pagas pelo município”, acrescenta.
Marinísia disse ainda que no ano passado quando a demanda era de 2 mil crianças, o município conseguiu criar 1.8 mil vagas e que somente este ano surgiu uma nova demanda de 2.1 mil vagas.

 

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