Com prejuízo de 15 mil, empresa que fazia obras decide suspender o serviço o que impede novas vagas. Município tem 2 mil crianças na fila de espera
Em barraco em frente a CEim, placa de creche vira parede.
A empresa responsável pela construção do Centro de Educação
Infantil (Ceim) localizado em área ocupada por 460 famílias sem teto no
Jardim Clímax, decidiu paralisar as obras, após a creche passar por
ataques de vandalismo. Os trabalhos estão parados desde o final do ano
passado, segundo a construtora.
Segundo ele, no dia 17 de janeiro foi registrado Boletim de
Ocorrência na Delegacia. Isto porque foram retirados da obra todo o
forro em PVC, além de mais de 30% da fiação elétrica. A pintura interna
também foi comprometida, além de portas arrancadas. O prejuízo é de R$
15 mil; recursos necessários para que a empresa possa fazer todos os
reparos nos danos. A empresas pretende cobrar os valores da Prefeitura.
Ao todo, a creche custa aos cofres públicos pouco mais de R$ 500 mil e
com estrutura de 524 metros quadrados teria capacidade para cerca de
200 crianças. A obra seria entregue no início deste ano, mas com a
paralisação não há previsão nem que quando serão retomadas.
O Douradosagora também apurou que a empresa também enfrenta
dificuldades para manter o ritmo de trabalho. “Os trabalhadores ficam
apreensivos e reclamam que o local se tornou perigoso”, explica membro
da construtora. O Douradosagora esteve nas obras do Ceim no último dia
19, quando um homem foi assassinado no local. As lideranças informaram
que nem a vítima, nem o autor faziam parte do grupo de moradores.
Em relação ao Ceim, o presidente da comissão do Acampamento de Sem
Teto Guassu, que se identificou como Maurício Neguinho, disse que os
atos de vandalismo ocorreram antes dos moradores ocuparem o local. Ele
diz que por entender a importância do Ceim, fez, juntamente com os
moradores, um compromisso com a Guarda Municipal de manter em ordem as
obras da creche. “Nós informamos a cada morador que se invadisse o Ceim
ou causasse vandalismo seria expulso da comunidade”, explicou.
Segundo ele, os moradores estão no local a cerca de 30 dias. O grupo
começou com 36 pessoas e hoje conta com 460 famílias; mais de 700
crianças. São parentes do grupo original, além de pessoas que não
conseguiram manter os pagamentos de aluguel em Dourados.
Os moradores receberam hoje oficiais de Justiça, que identificaram
cada família e fizeram cadastro. A partir de agora, segundo os
moradores, ninguém fora do cadastro pode entrar no acampamento para
concorrer a uma casa. Os moradores tem 15 dias para deixar o local, mas
segundo eles, estão negociando com a Prefeitura uma outra solução. Eles
querem ser destinados para outros conjuntos habitacionais em que as
casas já estejam prontas para desocupar a área.
Déficit
Conforme divulgou O PROGRESSO no início deste mês, a cidade de
Dourados tem 2.3 mil crianças fora da educação infantil (de 7 meses a 5
anos) na rede pública. Na busca por vagas os pais estão procurando a
Justiça, através da Defensoria Pública.
De acordo com a defensora Maria Inêz Dias dos Santos, que atua de
forma substituta na área de Cidadania, a procura é intensa. Para se ter
uma ideia somente este ano foram atendidos mais de 40 pais que não
encontraram vagas nos Centros de Educação Infantil (Ceims). Outras
dezenas de audiências já estão agendados até maio deste ano. Em 2013 a
Defensoria ingressou com 76 ações na Justiça por falta de vagas.
EDUCAÇÃO
Por outro lado, a secretária de Educação de Dourados Marinísia
Mizoguchi, anunciou recentemente a construção de mais 9 Centros de
Educação Infantil (Ceim) em Dourados, criando assim mais 3.2 mil novas
vagas.
A expectativa é de que em um ano estes novos centros sejam ativados.
Dois deles, um no jardim Guaicurus e outro no jardim Flórida devem ser
ativados ainda este ano. Marinísia afirma que a demanda realmente
existe, mas que se trata de um problema nacional, enfrentado por todos
os municípios. Segundo ela, um dos fatores é a falta de investimentos
federais.
“Cada criança matriculada no Ceim custa por mês o valor de R$ 600
para o município. No entanto o Fundo Nacional de Desenvolvimento
Econômico repassa apenas R$ 250 por criança. O restante das despesas são
todas pagas pelo município”, acrescenta.
Marinísia disse ainda que no ano passado quando a demanda era de 2
mil crianças, o município conseguiu criar 1.8 mil vagas e que somente
este ano surgiu uma nova demanda de 2.1 mil vagas.
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